Cenário Macro Econônimo 2024
A Yup Chat agradece ao artigo da Rafaela Vitória, economista-chefe do , sobre a perspectiva econômica do Brasil para 2024
Publicado em 10 Jan. 2024 LinkedIn Yup Chat
2023: não tão ruim quanto se esperava
Terminamos 2023 com desempenho da economia brasileira melhor que o esperado, mas o cenário para 2024 ainda é desafiador. Devido ao aperto monetário, no Brasil e global, se esperava que, em 2023, a economia fosse andar de lado. De fato, chegamos no segundo semestre com sinais de desaceleração, mas o PIB deve encerrar o ano com crescimento próximo a 3%, refletindo o forte desempenho da agricultura e do setor externo, que surpreenderam positivamente, especialmente no primeiro semestre. A desaceleração da atividade no 2º semestre contribuiu para a dinâmica inflacionária mais benigna, criando as condições para os cortes na taxa de juros e com isso, melhores perspectivas para 2024.
A política fiscal, como antecipado, foi o ponto fraco da economia em 2023. O governo passou o novo arcabouço, que tem como objetivo chegar ao equilíbrio fiscal com crescimento de despesas menor que o das receitas. Entretanto, o que vimos ao longo do ano foi o inverso, arrecadação em queda e despesas que devem ter a maior expansão real desde 2015, subindo mais de 6% acima da inflação. O déficit primário deve encerrar o ano próximo a 1,4% do PIB e a meta de déficit zero em 2024 fica cada vez mais difícil e ainda incerta. Por outro lado, a aprovação da reforma tributária é um ponto positivo, que trará ganhos significativos para a economia brasileira no longo prazo.
Cautela nas perspectivas para 2024
Para o início de 2024, antecipamos um cenário de continuidade da desaceleração observada. A atividade deve continuar desacelerando antes de voltar a crescer. O aperto monetário ainda é elevado, com a Selic encerrando 2023 em 11,75%, o que implica em juro real bastante restritivo, impactando o crédito e mantendo a demanda enfraquecida ao longo do primeiro semestre. Nossa expectativa é de que a Selic encerre 2024 em 9%, assim, esperamos uma retomada do crescimento na segunda metade de 2024. Paralelamente, antecipamos que a dinâmica inflacionária continuará sua tendência de queda no curto prazo e o IPCA deve encerrar 2024 com alta de 3,7%, contra 4,6% em 2024. No entanto, as expectativas mais longas para a inflação devem permanecer desancoradas devido ao risco fiscal e manter alguma restrição monetária por parte do BC.
Mais uma vez a política fiscal será fonte de incerteza em 2024. O ajuste proposto pelo governo é amplamente baseado no aumento da arrecadação, o que tem encontrado resistência no Congresso e limitações da própria economia, considerando a já elevada carga tributária no Brasil. Além disso, declarações do governo questionando a necessidade de zerar o déficit pode resultar em uma revisão da meta para evitar o contingenciamento de despesas. Mesmo a tentativa de reduzir o déficit do atual patamar de 1,4% em 2023 (projetamos 1% em 2024) exigirá um esforço fiscal maior via contenção de gastos, o que não parece ser prioridade do atual governo. Portanto, o fiscal deverá ser, novamente, um dos riscos em 2024, impedindo uma queda maior das taxas de juros.
Abaixo, link que leva para o relatório completo:
https://interinvest.inter.co/analise/macro-research/inter-outlook-2024
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